sábado, 29 de setembro de 2007

Sujando o rock

Mais um texto antigo que eu reformulei para atualizar isso aqui

Foi assassinado, no dia 11/12/04, o guitarrista Dimebag Darrell (ex-guitarrista do Pantera). Darrel estava se apresentando no Estados Unidos com sua atual banda quando um "maluco" (Nathan Gale) entrou no local e atingiu o guitarrista com 6 tiros fatais. Além de Dimebag, foram mortos 2 seguranças e um fã que subiu no palco na tentativa de reanimar o guitarrista. Pela enorme importância que Darrel possui no meio do heavy metal, esse trágico incidente ganhou uma grande repercussão na mídia. É tanto, que tomei conhecimento desta notícia assistindo ao Jornal da Globo do mesmo dia. Como de praste, tivemos o comentário de um grande cronista e pelo qual tenho todo respeito, Arnaldo Jabor. Respeito esse que ia diminuindo a cada palavra de seu comentário acerca dos acontecimentos da matéria recém-exibida. Antes de qualquer coisa gostaria de descrever o comentário de Arnaldo Jabor.

O rock começou como canto à alegria e à liberdade, música de esperança numa era de utopias e flores. Aos poucos, a ilusão foi passando. Em 68, a esperança jovem foi sendo detida pela reação da caretice mundial. Os ídolos começaram a morrer: Janis Joplin, Jimmy Hendrix sumiram juntos.
Na década de 70, o que era novo e belo se transforma nos embalos de sábado à noite e começa o tempo da brilhantina. Junto com a caretice dos Beegees, o que era liberdade cai na violência. Em Altamont, no show dos Stones, a morte aparece. Charles Manson é o hippie assassino e o heavy metal o punk vão glorificar o barulho e o ódio.
Com a repressão de mercado mais sólida e invencível, a falsa violência comercial, sem meta, nem ideologia, fica mais louca e ridícula. Os shows de rock viram missas negras que lembram comícios fascistas. É musica péssima, sem rumo e sem ideal. A revolta se dissolve e só fica o ódio e o ritual vazio. Hoje, chegamos a isso, a essas mortes gratuitas. A cultura e a arte foram embora e só ficou a porrada. (Arnaldo Jabor)

Não posso aceitar nenhuma frase que ele citou acima.

É inadimissível julgar uma legião de fãs e profissionais por conta de uma acontecimento que pode vim a ocorrer em qualquer lugar. O fato de gostar de um som pesado, usar roupas pretas não quer dizer que o cara vai sair por aí matando ou batendo em todo mundo.

Comentários como este só contribuem para a falsa idéia de que roqueiro é "du mal", "usam drogas" e bla bla bla. O rock teve e tem seu papel importante para a sociedade. O que seria da música nacional sem bandas como Legião, Capital, Paralamas, Titãs e outros grandes nomes do Rock? O que seria da música mundial sem nomes como Led Zepellim, Black Sabath, Iron Maiden e até o próprio Pantera?

Infelizmente, mesmo depois de 50 anos, o rock ainda serve a marginalização por parte das pessoas e principalmente por parte da mídia. O rock, o heavy metal, a MPB tudo é cultura e cada um tem a sua importância na construção da base cultural de nosso país.

Fico no desejo e na esperança de que crônicas deste tipo sejam cada vez menos freqüentes. Espero que pessoas como esse assassino sejam julgadas como criminosos. Que seus atos sejam avaliados não como sendo conseqüência daquilo que ele escuta ou acredita, e sim como sendo um reflexo da atual situação da sociedade mundial e o descaso de seus governantes. Caso contrário estaremos julgando o ser humano não pelo seu real valor como pessoa e sim pelos seus costumes e crenças.

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